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domingo, 23 de novembro de 2014

Por que as crianças francesas não têm Deficit de Atenção ?


Por que as crianças francesas não têm Deficit de Atenção?


Texto original em Psychology Today
EQ 2-ilu

Nos Estados Unidos, pelo menos 9% das crianças em idade escolar foram diagnosticadas com TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), e estão sendo tratadas com medicamentos. Na França, a percentagem de crianças diagnosticadas e medicadas para o TDAH é inferior a 0,5%. Como é que a epidemia de TDAH, que tornou-se firmemente estabelecida nos Estados Unidos, foi quase completamente desconsiderada com relação a crianças na França?
TDAH é um transtorno biológico-neurológico? Surpreendentemente, a resposta a esta pergunta depende do fato de você morar na França ou nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, os psiquiatras pediátricos consideram o TDAH como um distúrbio biológico, com causas biológicas. O tratamento de escolha também é biológico – medicamentos estimulantes psíquicos, tais como Ritalina e Adderall.
Os psiquiatras infantis franceses, por outro lado, vêem o TDAH como uma condição médica que tem causas psico-sociais e situacionais. Em vez de tratar os problemas de concentração e de comportamento com drogas, os médicos franceses preferem avaliar o problema subjacente que está causando o sofrimento da criança; não o cérebro da criança, mas o contexto social da criança. Eles, então, optam por tratar o problema do contexto social subjacente com psicoterapia ou aconselhamento familiar. Esta é uma maneira muito diferente de ver as coisas, comparada à tendência americana de atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança.
Os psiquiatras infantis franceses não usam o mesmo sistema de classificação de problemas emocionais infantis utilizado pelos psiquiatras americanos. Eles não usam o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders ou DSM. De acordo com o sociólogo Manuel Vallee, a Federação Francesa de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação alternativa, como uma resistência à influência do DSM-3. Esta alternativa foi a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L’Enfant et de L’Adolescent), lançado pela primeira vez em 1983, e atualizado em 1988 e 2000. O foco do CFTMEA está em identificar e tratar as causas psicossociais subjacentes aos sintomas das crianças, e não em encontrar os melhores bandaids farmacológicos para mascarar os sintomas.
Na medida em que os médicos franceses são bem sucedidos em encontrar e reparar o que estava errado no contexto social da criança, menos crianças se enquadram no diagnóstico de TDAH. Além disso, a definição de TDAH não é tão ampla quanto no sistema americano, que na minha opinião, tende a “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. O DSM não considera causas subjacentes. Dessa forma, leva os médicos a diagnosticarem como TDAH um número muito maior de crianças sintomáticas, e também os incentiva a tratar as crianças com produtos farmacêuticos.
A abordagem psico-social holística francesa também permite considerar causas nutricionais para sintomas do TDAH, especificamente o fato de o comportamento de algumas crianças se agravar após a ingestão de alimentos com corantes, certos conservantes, e / ou alérgenos. Os médicos que trabalham com crianças com problemas, para não mencionar os pais de muitas crianças com TDAH, estão bem conscientes de que as intervenções dietéticas às vezes podem ajudar. Nos Estados Unidos, o foco estrito no tratamento farmacológico do TDAH, no entanto, incentiva os médicos a ignorarem a influência dos fatores dietéticos sobre o comportamento das crianças.
E depois, claro, há muitas diferentes filosofias de educação infantil nos Estados Unidos e na França. Estas filosofias divergentes poderiam explicar por que as crianças francesas são geralmente mais bem comportadas do que as americanas. Pamela Druckerman destaca os estilos parentais divergentes em seu recente livro, Bringing up Bébé. Acredito que suas idéias são relevantes para a discussão, por que o número de crianças francesas diagnosticadas com TDAH, em nada parecem com os números que estamos vendo nos Estados Unidos.
A partir do momento que seus filhos nascem, os pais franceses oferecem um firme cadre - que significa “matriz” ou “estrutura”. Não é permitido, por exemplo, que as crianças tomem um lanche quando quiserem. As refeições são em quatro momentos específicos do dia. Crianças francesas aprendem a esperar pacientemente pelas refeições, em vez de comer salgadinhos, sempre que lhes apetecer. Os bebês franceses também se adequam aos limites estabelecidos pelos pais. Pais franceses deixam seus bebês chorando se não dormirem durante a noite, com a idade de quatro meses.
Os pais franceses, destaca Druckerman, amam seus filhos tanto quanto os pais americanos. Eles os levam às aulas de piano, à prática esportiva, e os incentivam a tirar o máximo de seus talentos. Mas os pais franceses têm uma filosofia diferente de disciplina. Limites aplicados de forma coerente, na visão francesa, fazem as crianças se sentirem seguras e protegidas. Limites claros, eles acreditam, fazem a criança se sentir mais feliz e mais segura, algo que é congruente com a minha própria experiência, como terapeuta e como mãe. Finalmente, os pais franceses acreditam que ouvir a palavra “não” resgata as crianças da “tirania de seus próprios desejos”. E a palmada, quando usada criteriosamente, não é considerada abuso na França.
Como terapeuta que trabalha com as crianças, faz todo o sentido para mim que as crianças francesas não precisem de medicamentos para controlar o seu comportamento, porque aprendem o auto-controle no início de suas vidas. As crianças crescem em famílias em que as regras são bem compreendidas, e a hierarquia familiar é clara e firme. Em famílias francesas, como descreve Druckerman, os pais estão firmemente no comando de seus filhos, enquanto que no estilo de família americana, a situação é muitas vezes o inverso.

sábado, 12 de abril de 2014

Brasil Terra de Samba e Padeiro.

Projeto passeando pelo Brasil musical.


Brasil!
Meu Brasil Brasileiro
Meu mulato inzoneiro
Vou cantar-te nos meus versos
Brasil, samba que dá
Bamboleio, que faz gingar
O Brasil do meu amor
Terra de Nosso Senhor...

Oi! Essas fontes murmurantes
Onde eu mato a minha sede
Onde a lua vem brincar
Esse Brasil lindo e trigueiro
É o meu Brasil Brasileiro
Terra de samba e pandeiro
Bras










Ciúme de irmão: 10 maneiras de lidar com essa situação,

Não demonstre preferências, jamais faça comparações e incentive a admiração mútua


O ciúme do irmão mais novo pode acontecer em todas as idades, mas quando a criança tem de 2 a 3 anos, pode ser ainda mais complicado: o mundo dela ainda gira bastante em torno dos pais. É comum que se torne insegura, manhosa. Pode até acontecer de ela voltar a querer a mamadeira ou a fazer xixi na cama, como um bebê.
Se o problema é disputar atenção, como lidar com o ciúme? "O essencial é mostrar para a criança que ela continua importante", diz a psicóloga Fernanda Carioni. O trabalho pode começar antes mesmo de o irmão nascer. Peça ajuda para escolher o enxoval, os brinquedos novos, incentive a criança a conversar com a barriga.
Abaixo, confira 10 dicas para lidar com essa situação aí na sua casa:
1. Jamais faça comparações entre eles. Os filhos são sempre muito diferentes um do outro. Que bom!
2. Incentive a admiração mútua, elogiando os pontos fortes de cada um.
3. O jeito que você gosta de cada filho tem a ver com afinidade, e isso é completamente normal. Mas não demonstre preferência.
4. Não se descuide do filho mais quieto, aquele que não pede afeto. Ele também precisa de você.
5. Às vezes, passe um tempo com cada filho separadamente, para dar atenção exclusiva.
6. Identifique as situações de ciúme e procure intervir antes que vire uma nova briga.
7. Reforce, sempre, que a amizade entre os irmãos é única. Conte sobre seus irmãos, se for o caso, e mostre exemplos em outras famílias.
8. Se o ciúme os deixar agressivos, tente canalizar essa raiva para atividades artísticas. Use argila, tinta, massinha, recortes...
9. Crie situações para que eles trabalhem em equipe, como em jogos e brincadeiras.
10. Não se desespere com as brigas. Elas são normais e fazem parte do desenvolvimento.

Desfralde: é verdade que os meninos deixam a fralda mais tarde?


Veja por que isso acontece e como ajudar o seu filho a vencer mais esse desafio

Não existem dados científicos que comprovem, mas tanto pais quanto pediatras e educadores percebem que, sim, os meninos tendem a deixar a fralda mais tarde que as meninas. Além disso, a incidência de enurese noturna, o popular xixi na cama, também é mais comum neles (na proporção de dois meninos para uma menina). “Talvez a explicação esteja no fato de que o processo dependa, entre outros fatores, da maturidade psicológica da criança, algo que aconteceria antes no sexo feminino”, afirma Erika Arai Furusawa, nefrologista, médica-assistente da nefrologia pediátrica do Instituto da Criança, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Mas é claro que isso não é motivo de preocupação, então, nada de querer adiantar o processo. Até porque, se a criança deixar as fraldas antes da hora, ela pode ter mais chances de sofrer de enurese depois.E como saber qual o momento certo para iniciar o desfralde? De acordo com a especialista, não existe uma idade ideal. “É a própria criança quem demonstra alguns sinais de que está preparada, como avisar que quer ou acabou de fazer xixi ou cocô”, explica. Outro exemplo é quando a fralda permanece seca entre uma troca e outra. Mas você pode, sim, ajudar o seu filho nesse processo. Saiba como:

- Como a criança aprende por imitação, leve-a junto quando você tiver de ir ao banheiro;

- O penico deve ficar no banheiro, assim ela vai entender que ali é o local correto de fazer xixi e cocô;

- Compre cuecas com motivos infantis, de preferência, do personagem preferido do seu filho;
- Posicione a criança no vaso sanitário ou penico após as refeições, pois sempre que o estômago se dilata, o intestino é estimulado a funcionar naturalmente pelo chamado reflexo gastrocólico;

- De preferência, inicie o desfralde no verão. Nessa estação, as roupas são mais leves e, portanto, fáceis de tirar na hora de ir ao banheiro;

- No início, ensine o seu filho a fazer xixi sentado. Isso porque ele pode não saber diferenciar a vontade de urinar ou fazer cocô, já que os músculos são próximos. Após alguns meses de treino, ele já pode fazer xixi em pé.

Mas lembre-se: o desfralde pode durar até seis meses (isso mesmo!), por isso, seja paciente. “Se perceber que não está dando certo, interrompa o processo e reincie dali dois ou três meses”, recomenda a pediatra. O controle total da micção e da eliminação das fezes só ocorre por volta dos 5 anos de idade – e é normal a criança deixar escapar o xixi ou o cocô vez ou outra até lá.

QUANDO O XIXI NA CAMA É DOENÇA.

Toda criança vai fazer xixi na cama um dia. Isso só se torna realmente um problema se acontecer ainda por volta dos 7 anos e, no mínimo, duas vezes por semana por, pelo menos, dois meses ou três meses seguidos. As causas podem ser psicológicas (em geral, temporárias, como o nascimento de um irmãozinho), fisiológicas, como a deficiência do chamado hormônio antidiurético, assim como genéticas. Todas têm cura, mas é importante que o tratamento se inicie o quanto antes para não afetar a autoestima da criança.

Fonte Revista Crescer da Abril.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

O meu filho escreve as letras ao contrário, o que fazer?


O processo de escrita envolve vários conceitos e competências que a criança vai amadurecendo à medida que cresce e as exercita: a lateralidade, a motricidade fina, a aprendizagem dos códigos alfabético e numérico, entre outros.



Porque escrevem as crianças ao contrário? A aprendizagem da escrita deve-se a vários fatores que envolvem mecanismos motores e cognitivos.
O processo de escrita envolve vários conceitos e competências que a criança vai amadurecendo à medida que cresce e as exercita: a lateralidade (saber distinguir a direita da esquerda e noção espacial), a motricidade fina (capacidade de manipular um lápis, por exemplo), a aprendizagem dos códigos alfabético e numérico, entre outros.
Neste artigo da Drª. Ana Lúcia Hennemann encontra a resposta a esta pergunta e sugestões de jogos divertidos para fazer com o seu filho. Boa leitura!
Quando as crianças iniciam a escrita das primeiras palavras ou números, a sensação dos pais é indescritível. É um processo de autonomia, um ritual de passagem que evidencia uma nova etapa na vida da criança...
Ao compor as suas primeiras escritas as crianças mostram-se portadoras de inúmeras experiências, desejos, anseios e dinâmicas particulares de aprendizagem. Vygotsky (1998) destaca que a escrita tem significado para as crianças, desperta nelas uma necessidade intrínseca e uma tarefa necessária e relevante para a vida.
Entretanto, na medida em que esta escrita avança é comum que elas evidenciem letras ou números espelhados... algumas já estão lá por volta dos 7 anos e ainda mantém esta característica e por que será que fazem isso?
Em primeiro lugar é importante ressaltar que espelhar letras e números é normal, pois a criança está em processo de construção da escrita. Para que a criança tenha o entendimento que nós adultos temos de que a escrita inicia da esquerda para a direita (no caso da cultura ocidental), algumas noções anteriores ao papel devem ser bem trabalhadas. A aquisição da escrita é posterior à aquisição da linguagem e posterior a um nível específico de maturidade motora humana.
Conforme Esteban Levin (2002: 161), o ato da escrita em si, não depende somente do ato biológico, mas de toda uma estrutura que provém do sistema nervoso central, [...] o que escreve é um sujeito-criança, mas, para fazê-lo, necessita de sua mão, da sua orientação espacial (lateralidade), de um ritmo motor (relaxamento-contração), da postura (eixo postural), da sua tonicidade muscular (preensão fina e precisa) e do seu reconhecimento no referido ato (função imaginária).
De acordo com o manual de neurologia infantil de Diament (2005), a partir dos 7 anos a criança começa a consolidar a noção de direita e esquerda. Da mesma forma, encontra-se em fase de maturação de áreas visoespaciais, portanto é perfeitamente normal apresentar ainda algumas trocas na direção da sua escrita, pois está em processo de aprendizagem, sistematizando as suas hipóteses e consolidando noções importantes em aspectos neurobiológicos.
Porém, alguns alunos espelham palavras e frases inteiras, característica da disgrafia. No entanto, isso não significa que as crianças que espelham letras e números apresentem disgrafia. Se no final do ano, após todas as intervenções pedagógicas terem sido realizadas, com vista à “escrita correta” das palavras, deverá fazer-se uma avaliação mais detalhada.
Dehaene (2012) demonstra que a capacidade de reconhecer as figuras simétricas faz parte das competências essenciais do sistema visual, porque permite o reconhecimento dos objetos independentemente da sua orientação. Por esse motivo quando uma criança aprende a ler tem que “desaprender” a generalização em espelho para que possa compreender a diferença entre as letras “b” e “d”.

A maioria das crianças passa por uma fase de escrita em espelho tendo geralmente ultrapassada esta dificuldade por volta dos 8 anos
. Entretanto, cabe ressaltar que algumas das crianças que apresentam escrita espelhada são canhotas.
A identificação de uma imagem na sua forma simétrica, confusão esquerda-direita, também é frequente, no nosso sistema visual (Dehaene 2007).
No entanto, na sala de aula existem professores que consideram "errado" quando os alunos escrevem palavras ou números espelhados. Por isso é necessário esclarecer que, antes de se considerar certo ou errado, é necessário realizar atividades que propiciem alateralidade.
No processo de alfabetização, pais e professores, devem sempre questionar a criança sobre como poderia melhorar aquilo que fez, procurar fazê-la tomar conhecimento do que fez e como o fez, mas também como deveria fazê-lo.
Numa abordagem neurocientífica Guaresi (2009) enfatiza que:
  • A criança tem que manipular um repertório de habilidades motoras finas e complexas concomitantes com dados sensoriais (conteúdo visual), um processo que envolve muitasfunções cerebrais, tais como atençãomemóriaperceção (integração e interpretação de dados sensoriais), entre outras.
  • O processo de aprendizagem da escrita envolve, entre outros aspectos, a integração viso espacial, ou seja, visualizar o que está a ser apresentado, localizar o lápis, acomodá-lo de forma satisfatória na mão, direcioná-lo no caderno e iniciar a sequência de movimentos numa tentativa de escrita.
  • Com o tempo e o reforço das redes sinápticas correspondentes, o processo de aprendizagem da escrita será automático, ou seja, a criança não precisará de monitoramento cerebral constante para executar a tarefa e terá condições para aumentar o nível de complexidade da escrita.
Existem três domínios principais que precisam ser ensinados para que uma pessoa tenha autonomia na escrita: o domínio linguístico, o domínio gráfico e o de conceitos de letra e texto.
A escrita como um sistema organizado manifesta a nossa capacidade de simbolizar. É um processo complexo e a sua aquisição exige o domínio das várias dimensões que o compõe, por exemplo, além da segmentação, as crianças precisam adquirir no domínio gráfico, noções de esquerda para a direita, de cima para baixo.
Artigo original: Ana Lúcia Hennemann, 5 de abril de 2013

Professora – Neuropsicopedagoga (CENSUPEG), Especialista em Educação Inclusiva (CENSUPEG), Especialista em Alfabetização (UNICID) e Estudante de Psicologia (FEEVALE)