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sábado, 1 de agosto de 2009

ALFABETIZAÇÃO PRECOCE...


O pai de um garoto de dois anos conta que o filho já sabe o nome de quase todas as cores e também contar até doze, tudo ensinado por ele e pela mãe.
O próximo passo será ensiná-lo a escrever o nome. A mãe de uma menina de quatro anos está aflita porque teve de matricular a filha em uma escola mais em conta neste ano, que não pede lição de casa nem ensina a ler e a escrever algumas palavras, como a anterior.
Ela acredita que a filha irá regredir nos estudos.Muitos pais de filhos com menos de seis anos andam afoitos para que estes se iniciem nas letras e nos números, aprendam conteúdos específicos na escola, tenham acesso a outra língua etc. Estudos mostram que essas crianças têm alta capacidade de aprender.
Muitas escolas, atentas a esse anseio, passaram a ofertar estímulos para a alfabetização precoce. Os pais, em geral, ficam satisfeitos com esse procedimento e orgulhosos das conquistas dos filhos.
Mas essa atitude é boa para as crianças?Nossa reflexão a esse respeito não pode se basear em estudos sobre vantagens e desvantagens da alfabetização antes dos seis anos. Tal discussão está posta há tempos e não permite conclusão, já que especialistas se dividem em posições opostas e se fundamentam em pesquisas científicas. Talvez o melhor caminho seja pensar em alguns efeitos da introdução precoce da leitura e da escrita.
O primeiro deles é que um bom número dessas crianças não aprende as letras e passa a apresentar o que se convencionou chamar de dificuldade de aprendizagem. Pasmem: muitos médicos têm recebido pais torturados cujos filhos com três, quatro ou cinco anos não acompanham os colegas em tal aprendizado.
Esse fenômeno ocorre porque nem toda criança se interessa por aprender a ler e a escrever o nome dos colegas ou simplesmente não está pronta para enfrentar o processo de alfabetização.
Como a escola, em geral, não tem metodologia para lidar com grupos de alunos com diferenças de ritmos e de maturidade entre si, acaba por tratar a média como norma. Assim, crianças que não se situam nessa média costumam ser suspeitas de apresentar algum distúrbio de aprendizagem.
O segundo efeito da alfabetização precoce é que ela contribui para o desaparecimento da infância. Que crianças pequenas já carreguem grande parte do peso do mundo adulto porque não conseguimos mais protegê-las dele é fato.
Mas colocá-las intencionalmente nesse mundo é bem diferente. Até os seis anos, o mais importante é brincar livremente para desfrutar o que pode da primeira infância, que dura tão pouco. Claro que algumas se interessarão pelas letras espontaneamente. Que isso seja tratado como brincadeira, então. Acelerar a aprendizagem na esperança de uma melhor formação para o futuro é ilusão e equívoco de nossa parte.Cabe aos pais e às escolas a defesa intransigente do direito que a criança tem de ter infância, já que tudo o mais conspira para o desaparecimento dessa fase. Nossas escolhas mostram se realizamos isso ou não.
Categoria: Folha Equilíbrio
Escrito por Rosely Sayão

3 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
SEPE disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
SEPE disse...

Amei esta reportagem,pois às vezes sinto-me um pouco assim,meio ansiosa,pois o meu filho é muito inteligente e já sabe o alfabeto desde os dois anos, aprendeu de repente...não forcei e aos poucos fui percebendo que ele aprendia tudo tão rápido que me senti um pouco na obrigação(já que sou professora)de ensiná-lo mais.pois é aos 3 anos já sabe muito!!!!E agora?O que fazer com ele?matricular no 1ºano´pois já sabe escrever seu nome, papai, mamãe,etc...?Este artigo me respondeu o que eu precisava saber..afinal não podemos deixar que a criança seja criança,tempo pra brincar,passa tão depressa,né?obrigada!!!bjs