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quarta-feira, 11 de junho de 2008

ESCOLHER O BRINQUEDO CERTO...


Fabiana Faria

No início da vida, aparecem as reações circulares. O bebê provoca um ato sem qualquer intenção e, estimulado pelo que aconteceu, o repete. O primeiro brinquedo é o próprio corpo. Até os seis meses, a exploração dos objetos é instintiva e ele se sente estimulado a pegar o que vê pela frente e tenta levar à boca. É nessa fase que se dá conta da permanência do objeto e entende que se algo é escondido embaixo de uma fralda, basta levantar o tecido para reencontrá-lo. Ele não desaparece para sempre.
Perto de completar 1 ano, consegue se locomover melhor, seja rastejando, engatinhando ou andando. Além disso, pode passar qualquer coisa de uma mão para a outra com facilidade. Por causa da mobilidade, a capacidade de exploração aumenta consideravelmente. Até um ano e meio, é esperado um vocabulário mais desenvolvido e maior movimentação que na fase anterior.
Próximo aos 2 anos, a memória e a imitação se desenvolvem e aparece o faz-de-conta. Muitas vezes, o brinquedo perde sua função porque a criança o transforma em outra coisa, por exemplo, quando um cabo de vassoura vira um cavalo. Nesse momento, ela já é mais independente do adulto e quer fazer tudo sozinha, mesmo que não consiga. Até os 3 anos, deve desenvolver bem a linguagem. É comum querer saber o nome de tudo e definir as coisas pela sua função. Gosta de reconhecer figuras pregadas em paredes ou em livros.
Com 4 e 5 anos, o repertório de brinquedos aumenta. Os de encaixar, como o quebra-cabeça, são boas pedidas. Como a atividade física nessa fase está a todo vapor, bolas, skates, patins e bicicletas também são opções.

Modelos de sucata
Nylse Helena Silva Cunha, presidente da Associação Brasileira de Brinquedotecas, é defensora desses tipos. “Às vezes, nem é preciso um tipo funcional. Se o professor colocar uma variedade de formatos e cores de tampas de desodorante em uma caixa, por exemplo, isso vira uma diversão”, ensina Nylse. “A criança vai passar um bom tempo colocando e tirando os objetos da caixa, empilhando-os e derrubando-os.”
Adriana é favorável da participação dos pequenos na confecção de alguns. “O trabalho manual traz benefícios para o desenvolvimento motor“, defende. Eles também podem mexer com a sucata, mesmo que não montem algo específico. “Manipular o material e usar cola e tesoura estimula a exploração e a manipulação, pontos fortes dessa fase.”

Precisa de adaptação?
Bebês e crianças com deficiência também brincam e aprendem muito durante esses momentos lúdicos. A maneira de apresentar os brinquedos é a mesma. É preciso prever algumas adaptações ou alterar a evolução das atividades de acordo com a deficiência. Mara O. Siaulys, do Laramara Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual, desenvolveu 110 modelos. “Com os cegos, é preciso estimular os outros sentidos para conseguir bons resultados na aprendizagem e o brinquedo é um instrumento fundamental nesse processo”, comenta Mara.
Um bom exemplo é o Guizo Pé-mão. Trata-se de duas pulseiras e duas tornozeleiras com guizos costurados. Pelo barulho produzido, a criança entende que tem duas mãos e dois pés. “Como o cego não enxerga seus pares, não sabe como é o formato do próprio corpo. Por causa disso, por algum tempo ele não juntará as mãos e não pegará os pés”, explica Mara.
Na deficiência física, a adaptação pode ser feita com a colocação de uma prótese. Se falta um dos braços, com o aparelho a criança consegue pegar os objetos. Quem tem deficiência intelectual não deve receber muitos estímulos ao mesmo tempo, pois seu ritmo é diferente. Além disso, o educador deve pontuar cada descoberta. “Com um chocalho, por exemplo, o pequeno vai perceber que o objeto faz barulho, mas é preciso ensiná-lo a bater com ele nas mãos”, conta Ione Matsuoka, terapeuta ocupacional da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de São Paulo (APAE).

Os primeiros anos de vida são o
período mais importante para
estimular os sentidos e a curiosidade
sobre o mundo. E o brinquedo desempenha
um importante papel nesse processo.
“É um acessório da aprendizagem
na creche porque é por ele que os
pequenos estabelecem relações com
tudo o que os cerca”, diz a especialista
em brincar Adriana Friedmann. Ainda
no berço, o bebê provoca um ato
sem intenção e, estimulado pela reação,
o repete. Até os seis meses, a exploração
dos objetos é instintiva e ele
se sente estimulado a pegar o que vê
pela frente para colocar na boca.
Mas o que levar em conta na hora
de escolher brinquedos para utilizar
num ambiente escolar? O melhor
é basear-se nas etapas do desenvolvimento
infantil e nos grandes marcos
das conquistas motoras, como sentar,
engatinhar e andar. O bom brinquedo
é aquele que atende às necessidades
e possibilidades de cada fase
sem se ater à indicação de idade. No
entanto, de nada adianta encher uma
sala com diferentes tipos e não ensinar
a brincar. Além de fazer uma boa
seleção, é seu papel mostrar as funções
de cada brinquedo para que todos
sejam aproveitados ao máximo.
E, claro, não dá para se descuidar
da segurança. Como os pequenos adoram
levar tudo à boca, evite peças
miúdas, modelos muito frágeis e brinquedos
que desmontam. O material
mais recomendado é o tecido. O plástico,
se não for maleável, pode machucar.
Já a madeira, que solta lascas
e objetos pontiagudos, nem pensar.
Todos devem ser fáceis de lavar e higienizar
para evitar riscos de contaminação.
Para baratear custos, produza
versões em materiais recicláveis.
Reúna o material e monte embalagens
atraentes para incentivar o uso, sem
se esquecer de deixar tudo em locais
acessíveis para as crianças.

QUER SABER MAIS:
Brincar para Todos, Mara O. Siaulys, 152 págs.,
Ed. Laramara, (11) 3660-6400, 40 reais
Criar para Brincar – A Sucata como Recurso Pedagógico,
Nylse Helena Silva Cunha, 192 págs.,
Ed. Aquariana, tel. (11) 5031-1500, 48 reais
O Brincar no Cotidiano da Criança, Adriana Friedmann,
136 págs., Ed. Moderna, tel. 0800-17-2002,
24,50 reais

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