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quarta-feira, 11 de junho de 2008

"O NÃO NA HORA CERTA...


Fazem parte da pobre sociedade brasileira que não cuida das suas crianças..." Indignação, repulsa, choque"... Mas porque tudo isso? Por que tanta revolta com cinco jovens de classe média, que queimaram vivo um ser humano? Afinal, foi apenas uma brincadeira, "coisa de juventude"! "Essa brincadeira" foi apenas uma conseqüência.Esses jovens são um produto. Eles são o que os adultos fizeram deles: inconseqüentes, sem limites, confiantes na impunidade. Essas tragédias são sempre a última etapa de um processo. O respeito às leis e aos outros, a responsabilidade, a formação do caráter, não aparecem da noite para o dia, com um "toque de varinha de condão".A educação de um cidadão começa lá atrás, quando criancinha. Isso mesmo, anos atrás. Quando ele chutava a mãe, a tia, a professora, quando jogava objetos na empregada, nos coleguinhas, " tudo era coisa de criança".Conversa, diálogo, com essa criança? Não havia necessidade. " Isso passa com o tempo". E o tempo realmente passou, e com ele chegou a adolescência... que também passará. Mas, antes, o adolescente chegará à sua casa com jaquetas, tênis de grife, relógios importados, CDs, e ninguém lhe perguntará quem lhe deu presentes e, se perguntarem, aceitarão, com facilidade, a resposta " um colega meu emprestou".Se chega bêbado de madrugada, nos fins de semana, ouve apenas um sermão, e poderá responder: "mas vocês também chegam..." . Se é o carro da família que se espatifou em um "pega", a primeira providência é limpar o nome na polícia. O sobrenome, a influência política vão livrá-lo rapidamente da sala do delegado.E a Escola, o que faz por ele? Pouca coisa.Hoje, o aluno pode tudo, ou quase tudo. As leis estão aí para ampará-lo. Se é reprovado ou expulso da escola - porque pôs uma bomba no banheiro - as liminares aparecem rapidamente para "reparar a injustiça que os professores cometeram". Se é repreendido pelo professor durante a aula, no dia seguinte ouviremos: "não admito que falem assim com meu filho. Ele não mente". O mentiroso é o professor.Se as notas estão ruins, a transferência para a outra escola que não reprovará é feita da noite para o dia. Depois de conviver com esse tipo de educação, com essa permissividade, o que queríamos? Adultos responsáveis, corretos, de bom caráter?Exigir do jovem humano, amor ao próximo, como? Nós lhe ensinamos isso? Ouvimos e estamos sempre dizendo "os jovens de hoje não têm limites". Não têm mesmo. Mas não têm por nossa culpa, nós, pais, que também não sabemos lidar com nossos limites. Eles não perderam os limites. Ninguém perde o que não tem.O limite é o primeiro passo daquele processo de que falei acima. O ponto de referência é o segundo. Os outros passos virão com o amor, o carinho, o diálogo. O não firme na hora certa e, principalmente, com o exemplo. Portanto, esses jovens de Brasília fazem parte da pobre sociedade brasileira que não cuida das suas crianças, dos seus jovens e, depois, quer cidadãos de qualidade.A sociedade é construída por nós mesmos. E Brasília, bem... Brasília é o reflexo da nossa sociedade, que rejeita, que exclui, que ignora o pobre, o miserável - produtos também da mesma sociedade.Vânia Costa M. De CastroEstado de Minas -

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