PAIS E FILHOS UMA RELAÇÃO DE CONFIANÇA....

A maior missão do homem.
É dar à luz a si mesmo,
E tornar-se aquilo que ele.
É potencialmente.

ERICH FROMM

A insegurança de alguns pais em relação ao mundo de hoje gera eternos questionamentos, provocando medo, insatisfação e incerteza generalizados:Como educar? De que forma punir? Com quem brincar? Liderar ou oprimir?O nível de exigência muito alto em relação à escola, por parte de alguns pais, produz angústia em alunos e professores, através de expectativas de notas máximas, atenção individualizada, podendo gerar na criança agressividade, comportamento imaturo ou, até mesmo, irresponsabilidade, por não se sentir aptaa corresponder tais expectativas.Esse cenário pode ser modificado se as famílias tornarem-se parceiras da escola nesse desafio. Os pais poderão ter um importante papel na educação de seus filhos, incentivando-os e fornecendo condições ideais para o estudo e sua formação.Com esta intenção, elaboramos esse documento a fim de possibilitar uma participação mais efetiva no processo educacional de seu(sua) filho(a). Reunimos algumas orientações específicas, para que possam contribuir com o trabalho desenvolvido pela escola - incentivando a criança, orientando a realização dalição de casa, enviando material de apoio e oferecendo informações relacionadas aos assuntos tratados em sala de aula.LÍNGUA PORTUGUESACOMO OS PAIS PODEM AJUDARQuanto à leituraA maioria das crianças tem autonomia para ler gibis, revistas e livros que contenham pequenos textos, em função das experiências vividas desde os primeiros anos - em que pais lêem à noite, na hora de dormir. Além de a escola fomentar o prazer de ler é necessário incentivar esse hábito. Como desejamos que as crianças não prescindam da leitura em suas vidas - ainda que muitas vezes leiam através de nossos olhos orientamos os pais a que continuem lendo para seus filhos tantas vezes forem requisitados. Vocês verão que, progressivamente, as crianças tomarão essa tarefa para si, à medida que ampliarem sua competência leitora.Com jeitinho, procurem saber notícias sobre títulos que circulam na Biblioteca da classe, oferecendo-se, se acharem que é o caso, para compartilhar essas leituras; procurem incrementar a biblioteca particular de seus filhos. Aos poucos, vocês verão que a tarefa de ler pode ser dividida.E, como diz Daniel Pennac (em Como um romance, da Editora Rocco, livro que indicamos aos pais, para saberem um pouco mais sobre os deveres na sua "tarefa" de leitores para seus filhos e os direitos de seus filhos como leitores), "temos que cuidar da formação cultural de nossas crianças, oferecendo-lhes apesar da idade, a oportunidade de ter acesso a leituras que ainda não têm condições de realizar sozinhos, seja pelo tamanho da obra, seja pela complexidade do vocabulário e da temática. Quem dentre nós não se compraz ao ver os olhos de uma criança brilharem diante de um clássico da leitura nacional ou estrangeira? "Em relação aos textos que seguem como lição de casa, apesar da orientação de leitura dada pelo professor, da garantia do tratamento dado a esse texto, ou da tarefa de ler no dia seguinte, se sua criança solicitar ajuda para lê-lo, vocês devem fazê-lo sem a expectativa de que ela aprenda toda a gama de informações veiculada (no caso de texto informativo), sem a necessidade de cobrar uma interpretação do texto. Apenas conversem com ela sobre ele, a partir da orientação, do propósito colocado pelo professor para a leitura.Quanto à escritaNossa opção é de que a maioria dos textos seja produzida em classe, individualmente ou em parceria com um colega. Contudo, eventualmente as crianças terão de concluir produções, emitir uma opinião a respeito de um determinado assunto por escrito, fazer anotações a partir de entrevistas que realizam com os familiares ou em pesquisas.Evitem corrigir os erros ortográficos, limitando-se a lembrar-lhes a possibilidade de consulta às listas de palavras de uso freqüente, para no caso observarem a grafia incorreta de algumas dessas palavras. E sintam-se à vontade para dar informações quando as crianças solicitarem sua ajuda para resolver uma dúvida ortográfica.MATEMÁTICACOMO OS PAIS PODEM AJUDAREnvolvendo seu filho em atos reais de compra e venda, incentivando-o a estimar quanto vão gastar numa determinada compra, quanto receberão de troco, quanto precisarão para completar uma determinada quantia que corresponde ao valor de um de seus "objetos de desejo" etc.Incentivando seu filho a utilizar a calculadora para conferir cálculos (com o combinado de ele refazer esse procedimento, mesmo com o gabarito nas mãos), ou para saber se aproximou-se do resultado exato, em situações de estimativa.Jogando com ele jogos variados (dominó; dama; escopa de 15; mau-mau; 21; batalha naval; senha; trilha; banco imobiliário etc.).Envolvendo seu filho em atos de execução de receita culinária, chamando sua atenção para as medidas de peso e volume e as quantidades envolvidas.Controlando peso e altura dos familiares, para familiarizar-se com as medidas de peso e comprimento.Tendo sensibilidade para aceitar, ao acompanhar a realização da lição de casa, as estratégias de cálculo que o filho utiliza; "controlando-se" para não ensinar procedimentos que julguem mais eficazes (como o caso da conta armada ou "pequenos macetes" valorizados nos tempos de escola tradicional); e percebendo que as sugestões e dicas que dão estão sendo compreendidas. Nesse caso, incentivem e orientem seu filho para que apresente sua questão ao professor. A propósito, valorizem a produção ou seu esforço de resolução.O TRABALHO COM PROJETOSCOMO OS PAIS PODEM AJUDARFomentando o interesse de seu filho, consultando sites ou visitando a biblioteca familiar em busca de livros, artigos, notícias ou outros tipos de textos que abordem o assunto que está sendo trabalhado.Comunicando a professora se tiverem interesse ou conhecerem alguém (especialista ou não) que possa contribuir com o trabalho desenvolvido, seja na forma de relato, de uma entrevista, através de uma carta ou do envio de materiais etc.Sugerindo filmes/documentários e oferecendo-se para vê-los junto com seu filho, se a orientação for ver em casa.Finalizando, em qualquer situação não se esqueça de elogiar sempre as qualidades de seu filho e reconheça suas habilidades, fazendo com que ele as aprimore sempre que possível.Devemos nos lembrar sempre de que educar é um processo contínuo e permanente, que o ser humano está sempre em processo de mudança e que o fruto de nosso trabalho deve ser colhido com maturidade e força de vontade.Bom trabalho!Sugestões BibliográficasDEVRIES, R.; ZAN, B. A ética na educação infantil: o ambiente sócio-moral na escola. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.PHILLIPS, Asha. Dizer não: impor limites é importante para você e seu filho. São Paulo: Campus, 2000.TAILLE, Yves de La. Limites: três dimensões educacionais.

São Paulo: Ática, 1998.

TIBA, Içami. Disciplina: limite na medida certa.